Este blog foi criado durante a produção do documentário Policarpo, homem de fé, das jornalistas Marilena Chociai e Karolline Paim e é dedicado a frei Policarpo Berri,Ofm, da Paróquia São Pedro Apóstolo, em Pato Branco (PR).
Em 1924, um domingo, 13 de julho, nascia em Rodeio, Santa Catarina, um menino.
Na expressão de Dona Melânia, sua mãe: "Dio Mio, É um bambino! Che bello!"Inácio Berri, hoje, Frei Policarpo, agraciado pela abundância da graça divina e genialidade intelectual no mundo da música. Anda pelas ruas da cidade irradiando amor e humildade, gosta dos animais, de pedir que as pragas deixem as plantações.
É um Francisco de Assis nas ruas de Pato Branco.
O órgão de tubos da Matriz, um dos poucos no Brasil, a Rádio Colméia, a TV Sudoeste, são frutos materiais desse servo de Deus que diz: "Não se pode ficar pensando, é preciso agir rápido, é preciso ir buscar."
Idealizou um canal de televisão, numa cidade pequena e o concretizou, sendo a primeira da Igreja no interior do Brasil. Pato Branco deve a esse homem não só os caminhos da Fé, mas também os do Progresso. Benditas as mãos que sabem distribuir gratuitamente a Benção de Deus, que sabem acalmar e curar as feridas do corpo e da alma;
Abençoado o homem que se levanta de madrugada, caminha pelas ruas, distribuindo bondade, amor e fé, visitando os hospitais. Com certeza, os nossos médicos presenciaram curas que não conseguiram explicar. Como bem disse um obstetra de Pato Branco: "Isto é inexplicável!"
Frei Policarpo ,uma bênção para Pato Branco.(...)
fonte: ALAP - Associação de Letras e Artes de Pato Branco
terça-feira, 28 de julho de 2020
PROGRAMA ESPECIAL COM FREI POLICARPO, NA TV SUDOESTE
O programa Sudoeste em Destaque, da TV Sudoeste, apresentou uma edição especial sobre os 96 anos de frei Policarpo:
MISSA EM CELEBRAÇÃO AOS 70 ANOS DE SACERDÓCIO DE FREI POLICARPO
A celebração foi transmitida ao vivo pela TV Sudoeste. Confira a missa completa:
FREI POLICARPO E A COMUNICAÇÃO (reportagem de Marilena Chociai, dar os créditos nas reproduções)
foto: Zeca Beti
O
ano era 1924. Em uma vila rural formada por imigrantes italianos, em Rodeio,
Santa Catarina, nascia Inácio Berri, o frei Policarpo. O franciscano marcaria seu nome nas
comunicações.
O
mundo se encantava com as transmissões de rádio, após a 1ª guerra mundial. No Brasil, o rádio também começava a ser
conhecido. A primeira transmissão oficial, havia sido feita em comemoração ao
centenário da Independência, em 07 de setembro de 1922.
Desde
pequeno, Inácio sempre demonstrou a inquietude de quem tem a comunicação nas
veias. Aos oito anos, já interno do
Seminário Seráfico São Luis de Tolosa, em Rio Negro, PR, era uma criança
curiosa. Gostava de aprender, de compartilhar ideias e pensamentos. Teve contato
com a música, com a literatura, com a filosofia e, audacioso, escreveu uma
carta em alemão, questionando o líder nazista Adolf Hitler. Estava inconformado
com a determinação dele em proibir que jovens da Alemanha continuassem vindo
para o Brasil para serem padres. A carta não foi enviada pelos superiores do
seminário, mas a atitude do jovem seminarista deixava claras algumas
características de liderança e desejo de transformar o mundo.
A
partir da década de 1930, a Igreja Católica aderiu ao poder de penetração do
rádio e começou a internacionalizar as comunicações, com a aquisição da Rádio
Vaticano. Também foi neste período que foram apresentadas as primeiras
experiências de televisão, na Alemanha.
As
comunicações viviam grandes transformações enquanto o seminarista Inácio Berri
ampliava seus conhecimentos em instituições de ensino católicas, sempre atento
ao que se passava pelo mundo. Após concluir os estudos, já com o nome de Policarpo,
foi designado para a região Sudoeste do Paraná.
O
ano era 1956. Na paróquia São Pedro Apóstolo, em Pato Branco, teria a missão de
evangelizar, mas não só isso. Afinal, a religião católica trazida pelos
franciscanos desde os anos 1900, está longe de ser o único legado dos frades
menores nesta região, conta a professora e historiadora Neri Bochese. “Eles trouxeram
o conhecimento. Eles que sabiam as veredas, os caminhos. Construíram pontes. Ensinaram
os caboclos a curarem bicheiras, alguns remédios caseiros, a fazerem cerca nas
hortas. A cultivarem pomar. Ajudaram esse povo que vivia aqui a sobreviver”,
explicou.
Ainda
na década de 1950, na América Latina, o rádio tornou-se instrumento de luta e
deu voz a movimentos de libertação. Um exemplo foi a rádio Rebelde dos guerrilheiros aliados a Fidel Castro de
Cuba, que, por iniciativa de Ernesto Che Guevara, irradiou mensagens dos
territórios libertados da Sierra Maestra.
No
Sudoeste do Paraná, frei Policarpo também encontrou um cenário de conflitos.
Colonos lutavam pela posse das áreas onde se estabeleceram, contra as
companhias de terras, que tentavam expulsá-los. Era a revolta dos Posseiros de
1957.
A
vida era difícil. As estradas, de chão. As distâncias eram longas e o
transporte, a cavalo, era demorado. “Naquele tempo as casas eram de madeira, havia
muita poeira no tempo de seca e muita lama quando chovia. Quando a gente ia
visitar as capelas a cavalo, ficava com lama até a barriga”, contou frei
Policarpo que, por vezes, se perdeu nos caminhos para as capelas.
Diante
dessa realidade, o frade logo entendeu que os veículos de comunicação poderiam
ser importantes aliados ao propósito de evangelizar. Através do rádio, pretendia
encurtar distâncias e levar cultura e educação para o povo.
O
rádio
A
história do rádio em Pato Branco teve início em 1954, com a criação da Rádio
Colmeia. A emissora pertencia a uma rede de rádios da família Rotilli. Quando a
Colmeia foi colocada à venda, alguns anos depois, frei Policarpo convenceu a
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil a comprá-la. “ Eu
conversei com o provincial e ele autorizou que comprássemos, desde que não
comprometêssemos a província com dívidas. Assim resolvemos comprar. A rádio era
de 250 watts, a única rádio que havia em Pato Branco. A segunda no Sudoeste, de
100 watts, era em Francisco Beltrão. A rádio Colmeia tinha 40 long plays. Na época era uma potência”,
disse frei Policarpo. Pouco tempo
depois, a emissora passou a chamar-se Celinauta - aquela que guia para o céu.
Uma homenagem à Nossa Senhora, segundo Policarpo.
foto: Marilena Chociai
Frei
Inocêncio Michels foi escolhido para dirigir, mas frei Policarpo, que trabalhou
na rádio desde o início, logo assumiu a direção. Ficou no cargo até 1975,
quando frei Nelson Rabelo passou a administrar a emissora.
A
programação era bastante variada. Havia jornal falado, entretenimento,
programas musicais, envio de recados, avisos, dedicatórias e as transmissões
religiosas. Por um longo período, Policarpo apresentou o programa diário “Aos
pés de Maria”, ao meio dia.
Naquele
tempo, poucos eram privilegiados em ter um aparelho de rádio em casa. As
famílias se reuniam nas casas de quem tinha, para ouvir, como se fosse uma
solenidade. “O chefe da família ligava solenemente o rádio, era uma cerimônia.
Todos da família tomavam banho e se arrumavam para se reunir na sala e ouvir
rádio”, disse Policarpo.
Para
muitos
moradores da zona rural, a rádio era a única forma de saber notícias de outros
lugares. “A ligação da cidadezinha com as comunidades rurais era através do rádio.
A missa e o terço também eram transmitidos pela Rádio Celinauta, num tempo onde
os padres conseguiam ir para as capelas somente uma vez ao mês ou menos do que
isso”, contou a historiadora Neri Bochese.
Policarpo
acrescentou ainda que, como os rádios funcionavam só a bateria, era comum os
agricultores pedirem para o vendedor “carregar” o aparelho somente com música
sertaneja, que era o que gostavam. O franciscano também falou sobre seu
encantamento e surpresa, no dia que teve contato com o aparelho, pela primeira
vez. “Na primeira vez, vi um homem de costas, sentado, de terno e parecia que
ele fazia um discurso, eu não entendi direito o que era. Tinha uma caixa no
meio da mesa, mas não sabia que era rádio. Perguntei como é que ele conseguia
falar sem mexer a boca, sem saber que o som saía daquela caixa”.
O
objetivo principal da rádio Celinauta, segundo Policarpo, foi evangelizar, mas
havia a preocupação em melhorar a comunicação entre o povo. “Nas capelas, as
distâncias eram sempre grandes, não tinha jornais. Com o rádio a gente podia
conversar com o povo todos os dias. E a gente atendia todo o Oeste de SC e
Sudoeste do PR”, explicou.
A
abrangência do rádio foi um fator importante durante a revolta dos colonos, episódio
que consolidou a presença da rádio, em 1957. O rádio era praticamente o
único meio de comunicação entre os colonos. “Era através do rádio que os
agricultores se organizavam contra as companhias que pretendiam expulsá-los de
suas terras”, contou Ivo Tomazoni, um dos radialistas mais atuantes na época.
Agostinho Seleski, empresário de comunicações, contou que “Frei Policarpo abriu
as portas da rádio em Pato Branco pressionando as Companhias e o Governo do
Estado a parar de forçar os agricultores a saírem das suas terras. Os
agricultores estavam organizados e revoltados. Por isso o governador Lupion
mandou fechar as companhias de terra. O rádio dava voz aos colonos e fazia o
povo se mobilizar”, concluiu.
A
Revista O Cruzeiro, uma das mais
importantes do país na época, publicou que as rádios do Sudoeste eram
responsáveis pelas lutas que culminaram com a vitória dos colonos. Por conta do
poder de mobilização dos agricultores, a rádio foi ameaçada de fechamento e
frei Policarpo levou uma advertência dos superiores da Província.
Com a
influência do rádio, Policarpo participou ativamente dos movimentos sociais. Frei
Nelson Rabelo (in memoriam) contava que ele tinha uma capacidade impressionante
de organizar os moradores em torno do desenvolvimento das suas Capelas. Também
foi com a ajuda do rádio que se realizaram campanhas importantes dentro da
Paróquia São Pedro, como as da aquisição do órgão de tubos da Alemanha e construção
da Igreja Matriz de Pato Branco. “A rádio era usada para angariar fundos, para
motivar os agricultores a colaborarem com a construção, naquela época em que a
Igreja foi construída muito na base do mutirão, entre os anos de 1960 e 1965”,
disse frei Nelson.
Aulas
Radiofônicas
Levar
educação e cultura para as comunidades mais distantes foi outra preocupação da
Rádio Celinauta. Um exemplo, foram as aulas radiofônicas: uma experiência
pioneira de educação à distância. O programa foi implantado em parceria entre a
rádio e o governo do Estado, em 1961. Frei Policarpo distribuiu 600 aparelhos
de rádio nas escolas e comunidades rurais, para ouvirem as aulas. “No começo o
frei Ponciano e o frei Euclides davam aulas radiofônicas no rádio. Eles eram
muito ativos. Faziam umas aulas bem animadas, o povo e as crianças, que se
reuniam nas escolas para ouvir, ficavam animados. Depois tinha a Setembrina
Zucchi Nunes e a Batiston, que eram professoras. Durante anos elas davam
matérias como geografia, matemática, ciências... Era um complemento das escolas. Houve uma época
em que todo o Sudoeste e uma parte do Oeste de Santa Catarina, ouviam as aulas
radiofônicas pela Celinauta”, contou frei Policarpo e acrescentou: “Produzimos
as aulas radiofônicas onde durante 20 anos, onde dávamos a catequese e educação.
Foi uma pena que acabou.”
A
expansão dos veículos de comunicação franciscanos
Também apaixonado pelas comunicações, frei
Nelson contava que frei Policarpo sempre foi interessado pela área jurídica das
emissoras. “Estava a par de todas as leis que regem o rádio. Lia o Diário
Oficial da União todos os dias. Com isso podíamos estar sempre atualizados com
as exigências do governo. Qualquer documento que ia para o governo, passava
pelo frei Policarpo”.
E este
interesse do franciscano pelas questões mais burocráticas foi fundamental para
o aumento de potência da rádio Celinauta e também para a aquisição da Rádio
Pato Branco e para as concessões da TV Sudoeste, fundada em 1987, e da
Movimento FM, criada como FM Stúdio 3,
em 1981. A Rádio Pato Branco foi vendida pelos frades e atualmente é a Rádio
Cidade.
Inelci
Matiello, comunicador esportivo que fez escola na Rádio Celinauta, afirma que
frei Policarpo é um dos maiores comunicadores do país: “Ele quase não falava em
microfone, mas não precisava falar, não. Eu, menino ainda, admirava aquele
homem dinâmico, inteligentíssimo! Além de cuidar da Celinauta, ele fez muitos
processos para concessão de várias emissoras de rádio aqui do Sudoeste. E sem
cobrar absolutamente nada”. Matiello lembra ainda das jornadas
do franciscano atrás de autorizações e documentação das emissoras da Rede:
“Frei Policarpo embarcava aqui em Pato Branco de ônibus e ia a São Paulo, Rio
de Janeiro, Brasília, para conseguir junto ao Ministério das Comunicações,
aumento de potência da radio Celinauta. Conseguiu a concessão da rádio Pato
Branco, hoje Cidade, e ficava até 45 dias em Brasília, esperando, com aquela
paciência de sempre”. Policarpo confirma: No tempo do Castelo Branco eu ficava
horas e horas no palácio do Planalto. Uma vez fiquei quase um mês em Brasília
até a rádio ser registrada no tribunal de contas, até a rádio ser aprovada e
registrada, porque era muito difícil. Eu ficava lá, porque se fosse embora,
aquilo ficava tudo parado”. E tinha suas estratégias para conseguir o que
precisava: “Eu sempre levava umas lembrancinhas e uns santinhos para o pessoal
que trabalhava lá dentro. Eu tinha bastante amizade com o pessoal”.
A
televisão
A
estreia da televisão no Brasil ocorreu em 1950, numa iniciativa de Assis Chateaubriand
e até o final da década, já funcionavam as TVs Tupi, Record e Paulista, Rio e
Excelsior. Nos anos 1960, entrou no ar a TV Paranaense.
Acompanhando
o ritmo das comunicações, os freis de Pato Branco também começaram a pensar em
uma emissora de TV, como contou frei Nelson Rabelo: “Já
por volta de 1967, os freis Sérgio e Policarpo andavam falando em uma emissora
de televisão aqui para Pato Branco e região. Eles estavam preocupados em tornar
a imagem do evangelho algo visível para a região. E eles também se espelhavam
no exemplo da cidade de Erechim, no Rio Grande do Sul, que por pequena que
fosse, naquela época já tinha seu canal de televisão”.
Antes
mesmo de sonhar com a televisão para Pato Branco, Policarpo já fazia suas
experiências audiovisuais. Com um aparelho projetor de imagens, percorria as
comunidades rurais apresentando slides
de histórias, como se fosse cinema. “A gente tinha um aparelho
com bateria, então a gente passava coleções de alguma história ou sacramento.
Eram quadros luminosos, não era bem cinema. A gente passava e o povo ficava
maravilhado com as historietas que a gente contava. Quando eu passava no
pavilhão de festas da igreja vinham mais de 500 pessoas. Passava histórias, até
da branca de neve e do Pinóquio”, disse sorrindo.
Os anos
1970 foram duros. Os veículos de comunicação precisaram se adaptar às regras
impostas pelo governo militar. Programas de TV como “Chacrinha” e “Dercy
Golçalves” foram censurados e tirados do ar.
Foi
neste período que o franciscano Policarpo Berri idealizou o projeto de levar a
tecnologia das imagens em movimento e em cores para o interior do Paraná. E
começou a montar o projeto que apresentaria ao Governo Federal para conseguir a
concessão do canal.
Frei
Nelson Rabelo, que acompanhou toda a jornada, reconhecia frei Policarpo foi
um exemplo de perseverança. “Ele abriu caminhos para que viesse a televisão
para cá. Ele fez naquela época, um projeto dos estúdios da TV Sudoeste. Na sua
certeza de que conseguiria o canal, em 1971 já comprou a torre para a sustentação
da antena da televisão e, em seguida, também comprou o transmissor Maxuel e toda a parafernália que faz
parte de um estúdio de televisão. Ele tomou todas estas iniciativas mesmo sem
ter a certeza de que conseguiria a concessão. Era uma época da ditadura militar
e havia muita oposição de que a Igreja mantivesse um canal. Nós íamos aos
congressos e fazíamos amizades com políticos para que conseguíssemos a
concessão que saiu em 1979”, contou.
Policarpo
explicou que foram oito anos fazendo viagens a Brasília e Rio de Janeiro até conseguir
a liberação do canal. “Chamamos de Rádio e Televisão Sudoeste do Paraná Ltda. Canal
7. Éramos eu, o frei Sérgio e o frei Samuel os responsáveis. Com o tempo,
quando saiu o decreto para a construção da empresa, entrou o frei Nelson na
sociedade. Depois, mudamos todos os veículos de firma comercial para a Fundação
Cultural Celinauta”. Como as emissoras não podiam pertencer às pessoas físicas
dos frades, criou-se a Fundação, uma entidade jurídica onde os veículos de
comunicação passaram a ser departamentos. Os frades que trabalham nela não recebem
remuneração.
O
próximo passo era conseguir recursos para comprar os equipamentos de estúdio, o
que ocorreu com o apoio de uma fundação católica da Alemanha, a Missionszentrale. O prédio para a
instalação da emissora, onde ela se encontra até hoje, no alto da rua
Ararigbóia, no Parque do Som, começou a ser construído em fevereiro de 1984. Finalmente,
em 18 de junho de 1987, a TV Sudoeste entrou em operação. A programação era diversificada,
mas o foco era a evangelização. A missão franciscana foi evidente desde o
princípio com os programas religiosos, como o “Jornal da Igreja” e o programa
“Ao Clarão da TV”, ambos apresentados por frei Nelson Rabelo.
O
primeiro telejornal diário, “Sudoeste em Manchete”, foi ao ar no dia 23 de
junho de 1987. Era exibido ao vivo, às 19h.
Tinha como âncoras os apresentadores Silvonei José e Margarete Camargo. Silvonei José atualmente trabalha na Rádio
Vaticano.
Como
ocorreu com a maioria dos profissionais que foram para frente das câmeras da TV
Sudoeste, Margarete também começou na Rádio Celinauta. “A estreia da televisão em Pato Branco foi
cercada de expectativa. Foi a grande novidade da época. A gente assistia só às
tevês de fora, então para a gente foi um evento. Todo mundo queria saber quem
seriam os comunicadores, como iria funcionar”, explicou. O projeto era grande, mas a estrutura era
simples. Tudo foi construído com muito sacrifício e empenho dos frades
franciscanos.
Atualmente, a TV Sudoeste exibe programação
local de mais de duas horas diárias. São dois telejornais diários e um programa
com pautas sobre segurança pública e de cidadania, além de outros programas
semanais voltados para a informação, cultura, religião e entretenimento. A
transmissão da Santa Missa Dominical é tradicional desde o início da emissora.
A bênção diária de frei Policarpo se consolidou como um dos momentos
importantes de fé. A emissora atinge um
público estimado em mais de meio milhão de pessoas, nos 42 municípios da Região
Sudoeste do Paraná e do Noroeste de Santa Catarina.
Atualmente,
frei Policarpo não participa diretamente da administração das emissoras. Frei
Neuri Reinish, diretor da Fundação Cultural Celinauta, explica que, apesar de
não estar presente nas emissoras, Policarpo procura estar sempre informado
sobre tudo o que acontece e aconselhar sobre decisões a serem tomadas. “Só pelo
fato dele ter construído tudo isso que nós temos e continuar sempre informado,
dando ideias, a importância dele para nós é fundamental. Ele acompanha o
andamento. Eu faço prestação de contas e converso com ele sobre projetos. Ele é
minucioso, desde a parte técnica, até faturamento, vendas, planos e
investimentos”, contou.
Em
dezembro de 2015, a TV Sudoeste passou a transmitir em sinal digital, pelo
canal 27. Também foi lançada a transmissão da TV pela internet. Frei Policarpo,
que participou da solenidade, falou empolgado o resultado da digitalização: “Nosso
provincial assistiu ao vivo lá em São Paulo a inauguração da nossa televisão
digital. Então, você veja que agora, a televisão chega em muitos lugares. Um
dia, quando frei Olivo Marafon, na época pároco em Pato Branco, estava na Terra
Santa, ele contou que assistiu a nossa missa do domingo aqui da TV Sudoeste, da
Igreja Matriz São Pedro, ao vivo, diretamente do hotel onde estava em
Tiberíades, Irsael”.
Hoje,
a Rede Celinauta de Comunicação é composta pela Rádio Celinauta, pela Movimento
FM e pela TV Sudoeste, além dos canais pela internet. Todas as emissoras
transmitem em tecnologia digital. Tem como entidade mantenedora a Província
Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. A comunicação é uma das frentes
de atuação da Província. Nela constam, além das emissoras de Pato Branco, as
rádios, Coroados e Movimento FM de Curitibanos –SC, e a Editora Vozes, com sede
em Petrópolis – RJ.
Parcerias
Frei
Policarpo reuniu talentos e fez parcerias importantes no sonho de criar uma
rede de comunicação em Pato Branco. Amigos que se foram e deixaram um legado de
trabalho e dedicação. O franciscano lembra do companheirismo de frei Sérgio
Hillesheim, que esteve junto desde o início dos projetos. “Frei Sergio era
muito camarada, a gente conviveu juntos muitos anos até ele falecer, com 87
anos. Ele gostava muito da agricultura. Incentivava os colonos a plantar soja,
a trabalhar em cooperativismo, fazia parte da cooperativa Capeg. Gostava muito da natureza e tinha um espírito
franciscano alegre. Foi uma pessoa muito estimada em Pato Branco”, disse.
Outro
frade designado para Pato Branco por causa das comunicações, foi frei Lindolfo
Schmitz. “Ele passava as férias aqui
quando era seminarista e consertava aparelhos na rádio. Quando ele foi ordenado
padre, foi transferido para cá e trabalhava nas rádios e na TV. Era curioso,
autodidata e apaixonado pela área da eletrônica. Ficou 20 anos trabalhando
aqui. Dirigiu a rádio com frei Nelson e trabalhou na instalação da televisão.Também
foi vice-presidente da Fundação”, contou Policarpo. Frei Lindolfo faleceu em um
acidente de ultraleve em 2006, em Ituporanga, Santa Catarina, onde era pároco.
Também
foi para trabalhar na rádio Celinauta que Pato Branco recebeu frei Nelson
Rabelo, em 1965. “Ele estava de experiência, fazia Teologia em Petrópolis - RJ.
Fez um tempo de estágio aqui em Pato Branco e depois decidiu estudar Jornalismo
no Rio Grande do Sul. Quando se formou, voltou para cá para trabalhar na
Celinauta”, contou frei Policarpo. “No começo ele fazia programas e a direção
comercial era comigo. Ele cuidava muito da programação, da discoteca, ele tinha
muito conhecimento das músicas e fazia programas musicais. Ele também trabalhou
nas aulas radiofônicas. Mais tarde, assumiu a direção completa da rádio e,
depois, da programação da TV”, explicou.
Frei
Nelson e frei Policarpo firmaram uma parceria de anos. “Frei Nelson esteve
presente nos principais acontecimentos da rádio e da TV Sudoeste como principal
executor e diretor. Ele sempre valorizou os meios de comunicação”, finalizou. Frei
Nelson Rabelo faleceu em outubro de 2017, em Pato Branco.
Frei
Policarpo diz que tudo o que fez, foi pelo propósito de evangelizar: “Desde que
foi inventado o cinema, o rádio e a televisão, a Igreja sempre aconselhou a
usar os meios modernos de comunicação. Então, quando Jesus disse: Ide e pregai
o evangelho a todas as nações, então a gente abrangendo muitas pessoas, então a
gente consegue penetrar mais pelo mundo afora”.
E
sobre seus feitos, conclui: “Eu me
alegro com o progresso que aconteceu sempre. A minha participação é pequena,
né? Sempre ajudou um pouquinho, mais na parte legal. De resto, eu não ajudo em
nada lá dentro. Eu só dei o pontapé inicial. Quando a gente trabalha na rádio,
a gente fica apaixonado, por isso a gente não tinha preguiça de ir atrás das
coisas, mesmo com sacrifício. Acho que valeu a pena fazer algum sacrifício”.
quinta-feira, 16 de julho de 2020
segunda-feira, 13 de julho de 2020
A BÊNÇÃO DE FREI POLICARPO, NO DIA DO SEU ANIVERSÁRIO.
A gravação foi feita pelo jornalista Ari Ignácio de Lima, da TV Sudoeste, na Casa Paroquial.
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